quinta-feira, 29 de março de 2012

Palestra no Clube Militar relembra as origens e fatos do movimento de 1964. Manifestantes de esquerda cercam prédio para intimidar participantes

  
Como estava a situação político-econômica do Brasil no início dos anos 1960 e por que foi necessário mudar drasticamente os rumos da História, em socorro do país e dos brasileiros. Uma palestra no Clube Militar, no Rio de Janeiro, propôs-se a esclarecer estes fatos, 48 anos após a deflagração do movimento que interveio no governo. Com o título '1964 - A Verdade', o evento aconteceu nesta quinta 29 no Salão Nobre da sede da Avenida Rio Branco, sob a mediação do Advogado Ricardo Salles, fundador e presidente do Movimento Endireita Brasil. Expuseram seus pontos de vista o Jornalista Aristóteles Drummond (articulista dos jornais O Dia, Diário de Petrópolis e Jornal do Brasil, este em edição eletrônica); o Psicanalista Heitor de Paola, escritor e comentarista político, membro do Conselho Consultivo da organização Brasileiros Humanitários em Ação e da ongue Terrorismo Nunca Mais; e o General-de-Brigada Luiz Eduardo Rocha Paiva, Doutor em Aplicações, Planejamento e Estudos Militares na Escola de Comando e Estado–Maior do Exército (ECEME) e instrutor da Academia Militar das Agulhas Negras, da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Cerca de 300 pessoas acompanharam as ponderações dos palestrantes, em pouco mais de uma hora e meia de apresentação.

No final do acontecimento, centenas de manifestantes brandindo bandeiras de partidos de esquerda (PT, PDT, PSTU, PSOL, PCB e PCdoB) sitiaram o prédio do Clube Militar, impedindo a saída dos participantes. Foi necessária a ação da Tropa de Choque da Polícia Militar, formando um corredor de isolamento para garantir a chegada das pessoas em segurança ao acesso à estação Cinelândia do Metrô. Desde antes do início da palestra, diversos deles já se postavam junto à portaria do edifício, vociferando insultos como 'assassino' e 'torturador', à chegada de quem se dirigia ao clube. Segundo a Polícia, 20 manifestantes teriam sido detidos na desordem, em que ocorreram a explosão de bombas de efeito moral e a interdição parcial da Avenida Rio Branco e da Rua Santa Luzia.

O tumulto foi insuflado na internet através - dentre outras - da organização Levante Popular da Juventude, que tem posto em prática protestos e atos de vandalismo pelo país, tendo como notória inspiração o ranço de vingança dirigido a militares acusados de atos de violência durante o regime de exceção.


(Acompanhe, no vídeo acima, a saída dos participantes do evento, sob escolta policial, diante do ataque raivoso dos desocupados que tomaram a Praça Floriano.)

Retrocesso, perigo e progresso

Ressaltando a necessidade de se dar a conhecer ambos os lados da História, com o auxílio de quem vivenciou os acontecimentos, para que se permita analisar os fatos de modo mais amplo e isento, Aristóteles Drummond citou que, até 1960, a economia brasileira era extremamente dependente da exportação de café (40% do volume exportado à época, contra 3% hoje), vivia uma inflação de 108% ao ano e ocupava a 46ª posição no renque mundial. Ele lembrou as medidas disparatadas do presidente Jânio Quadros - que renunciou inesperadamente, com menos de sete meses de governo - e a crise institucional que se agravou na administração de seu sucessor, João Goulart, inclusive com a necessidade de socorro dos Estados Unidos em relação a dinheiro para a compra de petróleo, negociado às pressas por Jango em Washington.

Aristóteles, que definiu os militares como soldados da justiça e da lealdade, mostrou que o movimento cívico-militar liderado pela classe foi decididamente empurrado pela sociedade, contando com o apoio dos três governadores mais importantes do país: Carlos Lacerda (da Guanabara, à época com o Rio de Janeiro ainda muito influente no cenário político nacional, quatro anos após a perda da capital federal); Adhemar de Barros (de São Paulo); e Magalhães Pinto (de Minas Gerais). A base política de então, que apoiava a intervenção militar, contou inclusive com o apoio do ex-presidente Juscelino Kubitschek, do PSD goiano, tido unanimemente, até hoje, como histórico democrata.

A redução da inflação anual, de 108% para 20%; a edição do Decreto-Lei 200, em 1967, reformulando e modernizando a administração pública na esfera federal; o programa de construção de casas populares feito pelo Ministério do Interior através do BNH (Banco Nacional da Habitação, criado para gerenciar os recursos do FGTS e absorvido pela Caixa Econômica Federal em 1986); e os investimentos em saneamento básico da ordem de 0,8% do PIB (hoje restritos a 0,35%, ou seja, menos da metade) foram mencionados como iniciativas de progresso dos governos da época. Também foram listados os feitos do último presidente militar, João Figueiredo (1979-1985), como o Projeto Carajás, as construções das usinas de Itaipu e de Angra dos Reis e o salto na produção de petróleo - que triplicou na sua administração. Um tempo em que, segundo ele, os homens públicos sabiam enfrentar crises sem tergiversar, com respostas rápidas para os problemas que surgissem.

Oposição e responsabilidade

Com algum saudosismo, Drummond fez referência ainda à oposição que se usava fazer no país, a qual considerava digna. Dela, pinçou os nomes de Nélson Carneiro, Amaral Peixoto, Tancredo Neves, Ulysses Guimarães e Franco Montoro, não esquecendo uma menção final ao deputado Miro Teixeira. Citou que, como signatário da Lei de Anistia de 1979, Miro não vê com bons olhos a criação da Comissão da Verdade, reiterando que é preciso olhar para a frente, sem rupturas que possam criar insegurança política.

Ressaltando que a comissão autodenominada 'da Verdade' mostra-se como sendo do ódio e do ressentimento, o Jornalista rememorou os atentados, sequestros, assaltos e as mortes de bancários, vigilantes e civis em geral, além de militares, assassinados em ações engendradas pelos simpatizantes da esquerda, criticando os falsos ideais motivadores desses atos (uma pretensa 'luta pela democracia' que, na verdade, escondia o objetivo de se implantar uma ditadura comunista) e as benesses de que gozam hoje muitos dos agitadores de outrora, por meio de indenizações milionárias concedidas a si num verdadeiro espírito de investimento para o futuro. Lembrou, por fim, que as primeiras vítimas das ações criminosas dos opositores do regime foram o vice-almirante reformado Nélson Gomes Fernandes e o jornalista e secretário do Governo de Pernambuco Édson Régis de Carvalho, mortos no atentado do Aeroporto dos Guararapes, em Recife (PE), em julho de 1966.

Autoritarismo e totalitarismo

No início de sua preleção, o médico Heitor de Paola fez menção às perdas de Chico Anysio e Millôr Fernandes, ocorridas nos dias anteriores, ao considerar que a geração dos dias atuais não tem nomes do mesmo gabarito, no humor, para ocupar destaque semelhante. Na sua opinião, a juventude deste início de século XXI situa-se entre a sisudez e a libertinagem, ao se referir, respectivamente, à forte cooptação de um grande número de jovens para movimentos de protesto rancoroso contra a direita e ao estilo de humorismo desqualificado praticado atualmente na televisão.

Heitor, que atuou em movimentos da esquerda e chegou a ser preso por sua militância na Ação Popular e na UNE, lembrou o período de maior crescimento cultural no Brasil exatamente no intervalo que se gosta de chamar de 'ditadura militar', quando houve os célebres festivais da canção e foram criados o Teatro Opinião e o Teatro Popular. Ele desafia personalidades ainda hoje expoentes da vida cultural e política, que tiveram participação ativa na militância contra os governos militares, como o ex-deputado Fernando Gabeira, a darem suas versões sobre os acontecimentos dos anos pós-1964, confirmando que o real objetivo do movimento era implantar um regime semelhante ao existente em Cuba.

Na sua avaliação, o Brasil daquele tempo caminhava - como marcha novamente hoje - na direção de um estado totalitário, que absolutamente tudo regula, em que a união de pequenas minorias pretende decidir o destino da grande maioria. Assim, vivemos cada vez mais intensamente a ditadura do politicamente correto, sufocados pelo patrulhamento ideológico implacável da esquerda. Esta postura de opressão, até na intimidade do pensamento, é que distingue, segundo de Paola, o autoritarismo - exercido nos governos militares - do totalitarismo, que é a prática típica dos regimes ditos 'socialistas'.

Combate ao caos

O General Rocha Paiva, cuja preleção encerrou o evento, começou explicando por que compreende que foram exatamente os militares, acusados de truculência e terrorismo de estado, que tornaram possível a democracia no Brasil. Ele lembrou a instabilidade política do governo do presidente João Goulart, no qual o chefe do poder tentara declarar estado de sítio no Brasil (em outubro de 1963), além de fomentar a subversão, por intermédio de insubordinações no seio das Forças Armadas - revolta dos sargentos em setembro de 1963; comício de 13 de março de 1964 na Central do Brasil; motim dos marinheiros, 14 dias depois; e jantar do Automóvel Club do Brasil, em 30 de março, véspera da tomada do poder, com ameaça direta do presidente aos oficiais.

Segundo o general, era imprescindível corrigir os rumos do país, mesmo à custa do rompimento da ordem constitucional. Lembrou que Jango já não contava mais com apoio para manter-se no poder e que até a imprensa clamava pela restituição da ordem democrática. (A edição do Globo de 31 de março de 1964, nitidamente contrastando com a publicação online de 29 de março de 2012, que descreveu a palestra como sendo de 'militares comemorando o golpe', publicou, com todas as letras: 'a democracia não deve ser um regime suicida, que dê a seus adversários o direito de trucidá-la, para não incorrer no risco de ferir uma legalidade que seus adversários são os primeiros a desrespeitar'.)

Rocha Paiva afirmou ainda que todos os presidentes militares eram favoráveis à redemocratização, que começou com Ernesto Geisel e consumou-se com João Figueiredo. Disse ainda que a resistência armada, no Brasil, jamais foi reconhecida internacionalmente, à exceção de alguns países que professam a fé socialista totalitária, e que aqui os opositores abandonaram a luta derrotados, reintegrando-se à ordem democrática e à sociedade.

Os palestrantes concordam que é necessário circular com maior intensidade informações que ajudem as novas gerações a ter uma visão mais clara e isenta do movimento de 1964, distante da pregação raivosa que os setores de esquerda insistem em fazer. E que, para isso, os militares, em especial os da reserva, que viveram a época, devem se dispor a ser mais transparentes, aceitando discutir o assunto, sem medo das feridas nem dos traumas. Esta abordagem vem se tornando cada vez mais difícil, por causa da penetração subterrânea de ativistas socialistas na imprensa nos últimos anos. Essa ocupação tem sistematicamente negado espaço a uma versão que precisa ser contada e ao conhecimento de fatos que vêm sendo deturpados ou, simplesmente, negados por seus protagonistas.

Enfim, segundo todos eles, é preciso 'abrir o jogo' com relação aos acontecimentos daquela época, sem constrangimento e, finalmente, rompendo o 'muro de Berlim' imposto pela mídia.

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Assista ao vídeo feito pelo Globo (que tratou o evento como sendo uma 'comemoração' de militares pelo aniversário do movimento de 1964), contando com depoimentos de um 'valente' manifestante e de uma 'estudante de Jornalismo' que alega ter sido ferida pela Polícia, mas cujos 'ferimentos' são apenas tinta vermelha. Em http://oglobo.globo.com/videos/v/jovens-enfrentam-militares-no-rio-de-janeiro/1880891/)

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(Veja abaixo mais filmes e fotos da intimidação feita aos participantes do evento. Para mais registros e outra abordagem do evento, indico ler a postagem '29 de Março de 2012, Cinelândia. A VERDADE', no blogue Papo de Filhinha de Papai [http://papodefilhinha.blogspot.com.br]. E uma última pergunta que não quer calar: é isso que essa gente pratica e defende, a título de 'democracia'?)