segunda-feira, 1 de julho de 2013

Bem-vindos a um novo Brasil

  
A Copa do Mundo com todo o seu 'padrão FIFA' e os Jogos Olímpicos, cujos altos custos, aliados ao aumento dos transportes públicos, compuseram a mistura explosiva que enfim trouxe a massa às ruas, teve uma etapa vencida. O Brasil foi campeão da Copa das Confederações, prévia da competição de 2014, em solo futebolístico sagrado, honrado por quase 80 mil torcedores e, notoriamente, sem a presença dos mandatários dos três níveis de governo. No máximo, um desimportante ministro dos Esportes (como é o nome dele mesmo?) esteve ali, ao lado do presidente da FIFA. Com seus índices de popularidade precipício abaixo, prefeito, governador e presidente da República contentaram-se em assistir pela televisão aos três a zero sobre a Fúria, evitando que outra delas eclodisse em pleno Maracanã contra si, manifesta pela torcida por um Brasil melhor.

Que bom, para a classe política, que o foco internacional se distanciará um pouco das manifestações de rua, com o fim da competição. Bom, também, que os protestos persistam, porque ainda é preciso mudar muita coisa. Aliás, oficialmente por conta desse expediente e, é claro, para avaliar os estragos profundos nas intenções de voto nos partidos da base amestrada, nossa governanta reúne hoje seus 40 - aliás, 39; Ali-Babá é que tinha 40 - ministros para... Sabe Deus (quem sabe, nem Ele) exatamente o quê. A ideia é discutir os pontos trazidos à baila pelos protestos e propor uma linha de ação a respeito. O dever de casa deixado de fazer nos dois anos e meio de letargia anteriores a todo o vômito popular que se viu.

Fato é que o fenômeno da cara de pau existe e essa turma comunista bem que está tentando tirar algum proveito da situação, se é que isso é possível depois do despertar do povão. Todo mundo sabe que Dilma Rousseff foi eleita a 'preferida' de Lula em 2010 somente porque José Dirceu, envolto no mar de lama do mensalão, estava fora de combate e ele próprio, o ex, não poderia candidatar-se a um terceiro mandato seguido - embora muito desejasse. Meio mundo petralha não engole a governanta, a não ser com, pelo menos, duas colheres de sopa de óleo de rícino, para poder passar goela abaixo. Com o seu governo em crise, parece ter chegado o momento de meter-lhe o pé na cabeça para enterrá-la mais ainda, algo bem próprio do caráter do Petê, aproveitando a ocasião para propor Lula como salvador da pátria: o Sassá Mutema do século 21 - com todo respeito ao Lima Duarte, cujo personagem da novela de 1989, ao contrário do atual, era um homem decente.

Por duas vezes, essa tentativa de reverter a crise de imagem apareceu na mídia. No dia 17 de junho, a segunda-feira que registrou os protestos mais incandescentes, Paulo Teixeira, Secretário-Geral do Petê, esteve no Largo da Batata, epicentro das manifestações em São Paulo, comentando depois: 'Enquanto nós lembramos que fizemos muitas coisas boas para o País, a garotada está dizendo Tudo bem, mas nós queremos mais'. Neste domingo 30, dia da final do Brasil contra a Espanha, foi a vez de Lula, que elogiou a postura de Dilma perante as manifestações, dizendo que ela tem sido solidária àqueles que pacificamente vão às ruas, com frases do tipo 'feliz é o pais que tem um povo com liberdade de se manifestar e ainda mais feliz é um pais que tem um povo que vai às ruas querendo mais'. A demonstração de solidariedade foi feita durante sua preleção em um evento sobre segurança alimentar realizado pela União Africana, pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e pelo Instituto Lula, em Adis Abeba, capital da Etiópia. Lula disse acreditar ainda que o povo 'quer mais participação e melhores serviços públicos', como 'resultado do que foi feito nesses 10 anos'; que 'a sociedade deve estar em movimento e não em silêncio'; e, por fim, que considera saudável que as pessoas queiram mais no Brasil, em termos de transportes, saúde, salário e até outras coisas, como questionar o custo da Copa do Mundo. 'Acho que isso é saudável em um pais que vive só pouco mais de 20 e poucos anos de democracia contínua', completou.

Bastante populistas, ambas as abordagens, tanto ao marcar a presença de jovens no âmbito das manifestações, quanto ao reconhecer os anseios da população, respondendo com novas promessas de que sejam atendidas. Nada, contudo, com consistência: apenas mais palavras ao vento.

Uma das providências mais importantes a se tomar é, sem dúvida, a viabilização da reforma política, procrastinada há décadas por um parlamento que não tem qualquer interesse em mudanças. Há porém problemas em relação a isso. Os atuais deputados e senadores, em sua grossa maioria não querem, embora sejam quem tem legitimidade para tocar a iniciativa. A governanta, por sua vez, aproveitando-se do desgaste dos parlamentares e de seu desprezo pela instituição que representam, quer passar por cima do Congresso Nacional usando do expediente do plebiscito, ainda como forma de demonstração (falsa) de apreço pelo distinto eleitor, em cujo colo cairia a responsabilidade de responder a algumas perguntas-chave que, em tese, deverão ajudar a redesenhar o exercício da política no Brasil.

Outro porém nessa história toda é o uso do plebiscito, que é um instrumento democrático, mas que, na atual estratégia petista, vem à tona com o único propósito de capitanear mais força para o Poder Executivo, enfraquecendo o parlamento e aumentando gradativamente o potencial tirânico do ocupante da presidência da República. O sonho dourado das ditaduras bolivarianas de inspiração castrista-chavista, com as quais o partido do governo no Brasil tem relação e inspiração extremamente íntimas.

Resumo da ópera: o momento é de não deixar arrefecer o ânimo dos bons protestos, aqueles pacíficos que guardam honestidade de propósito com os anseios da população. E de rechaçar a ideia do plebiscito, que, decerto, não se encaixa nesse ideário de um Brasil melhor, pelo qual o cidadão de bem vem lutando com tanta perseverança, nessas últimas semanas.

Que a chama não se apague!

domingo, 2 de junho de 2013

1933: as trágicas decorrências da queda da República de Weimar e do começo do Terceiro Reich devem levar argentinos e brasileiros à reflexão


(reproduzido do editorial do jornal argentino La Nacion de 27mai2013, vertido para o português com adaptações do blogue | texto original em www.lanacion.com.ar/1585784-1933)

Há 80 anos, o mundo foi testemunha silenciosa e tolerante do gradativo desaparecimento de uma república seguido, poucos meses depois, da instalação de uma ditadura, com o apoio entusiasmado da população e de suas forças vivas. A República de Weimar (sistema de governo parlamentarista democrático instaurado na Alemanha logo após a derrota na Primeira Guerra Mundial, cujos fracos alicerces permitiram a ascensão de Adolf Hitler) foi substituída por um regime totalitário, que concentrou em uma só pessoa os três poderes do Estado, eliminou os direitos individuais, controlou a Justiça, suprimiu a imprensa independente e, por fim, implementou o terrível holocausto.

Resguardando enormes distâncias, existem certos paralelismos entre aquela realidade e a Argentina e o Brasil contemporâneos, que nos obrigam a nos manter alerta.

Em 30 de janeiro de 1933, Adolf Hitler assumiu como chanceler da Alemanha, após obter 33% dos votos, nas eleições parlamentares de 1932. O presidente alemão, marechal Paul von Hindenburg, então um mandatário com idade avançada, influenciado por banqueiros, industriais, empresários e fazendeiros, ingenuamente acreditou que o novo chanceler poderia neutralizar o crescente partido nazista. E Hitler pôs em prática um plano que, em pouco tempo, culminou com a assunção do poder.

Em seu discurso de 1° de fevereiro de 1933, Hitler profetizou: ‘Deem-me quatro anos e vocês não mais reconhecerão a Alemanha’. De imediato, aconteceu de Hindenburg dissolver o Parlamento e convocar novas eleições, ficando o país cinco semanas sem legislativo. Em 4 de fevereiro, Hitler obteve do presidente um decreto que proibia as críticas ao governo e suprimia as liberdades de reunião e de imprensa das organizações de esquerda, de modo a barrá-las da disputa eleitoral.

Em 27 de fevereiro ocorreu o famoso incêndio do Reichstag, o palácio do parlamento alemão, sendo responsabilizado o partido comunista. Com isto, Hitler forçou a assinatura de um decreto pra ‘a proteção do povo e do Estado’, suspendendo as liberdades individuais, de expressão, imprensa, associação, reunião e comunicações, permitindo à autoridade política realizar invasão de domicílios, detenções e confisco de bens privados.

O decreto derivado do incêndio do Palácio do Reichstag baseou-se no artigo 48 da Constituição de Weimar, que autorizava o presidente do Reich a ditar ‘decretos de emergência’ invadindo a função legislativa do parlamento. Foi a primeira ferramenta que Hitler utilizou para estabelecer uma ditadura, ainda com Hindenburg no poder. A partir desse momento, jornais foram fechados, opositores presos e foram proibidas manifestações públicas, com a instauração de um clima de perseguição política.

Nas eleições de 5 de março, o partido nazista obteve somente 44% dos votos, embora necessitasse de dois terços (67%) para a aprovação de uma lei que conferisse direitos adicionais ao governo. Com a prisão de deputados socialistas e o apoio dos nacionalistas, Hitler alcançou a maioria necessária e, em 23 de março, o Reichstag sancionou a ‘lei habilitante’, para ‘solucionar os perigos que espreitam o povo e o Estado’. A norma implicou o ‘suicídio’ do parlamento, ao delegar suas prerrogativas a Hitler, marcando o fim da República de Weimar e o começo do Terceiro Reich.

Em 13 de março, Joseph Goebbels assumiu como ministro da Propaganda. Seu primeiro discurso, no Dia do Trabalho, destinava-se a seduzir a juventude alemã. Em 24 de março, Hitler anunciou ao parlamento a necessidade de uma ‘limpeza na vida intelectual do país’, o que implicava o confisco dos meios de comunicação dos partidos socialista e comunista. Goebbles tomou o controle imediato de todas as formas de comunicação da Alemanha: livros, revistas, jornais, reuniões públicas, artes, música, cinema e rádio. Na noite de 10 de maio, os ‘camisas pardas’ e as ‘juventudes hitlerianas’ invadiram bibliotecas e livrarias de todo o país, queimando mais de 25 mil publicações.

Em 3 de abril, Hitler estabeleceu a ‘sincronização’ da imprensa. Para se poder publicar, criar publicações, dar-lhes nome, ou designar um novo diretor ou chefe de redação, era necessário obter um ‘certificado de confiabilidade política’, outorgado somente pelo Ministério da Propaganda. Em 7 de abril, a ‘cláusula ariana’ da lei de Serviço Civil obrigou a expulsão de juízes, advogados e professores universitários judeus de suas atividades.

Em 2 de maio, se ‘sincronizaram’ os sindicatos. Ironicamente, no dia seguinte à Festa do Trabalhador. O principal sindicato foi tomado e seus líderes, encarcerados. Todos os sindicatos foram obrigados a funcionar como uma única Frente de Trabalho Alemã. A ‘sincronização’ da mensagem oficial foi imposta às entrevistas coletivas: em 1° de julho, estas passaram ao controle do Ministério da Propaganda e seu Gabinete de Imprensa. Foram impostos a todos os jornalistas credenciados em Berlim os temas sobre os quais a imprensa deveria informar. Nas coletivas, sem diálogo, adestrava-se sobre o modo como se deveria transmitir o noticiário oficial.

A ‘sincronização’ da política ocorreu com a eliminação dos partidos de oposição. Em 14 de julho, foi sancionada a ‘lei dos delinquentes habituais’, que definiu a primeira leva de prisioneiros para os recém-instalados campos de concentração – como Dachau, aberto por Heinrich Himmler no mês de março.

Hitler foi o primeiro a descobrir a importância do cinema para exaltar emoções e personificar mitos. Em 22 de setembro, aprofundou-se a ‘sincronização’ da cultura e da imprensa. A lei que criou a Câmara Imperial de Cultura outorgou ao Ministério da Propaganda a prerrogativa de estabelecer grêmios de trabalhadores dessas áreas. Desse modo, formaram-se corporações únicas para os escritores, os músicos, o teatro, as artes plásticas, o cinema e a imprensa, todas sob o comando de Joseph Goebbels.

A Câmara Imperial de Imprensa foi presidida pelo célebre Max Amann, ex-oficial da SS (Schutzstaffel, em português ‘Tropa de Proteção’, organização paramilitar ligada ao partido nazista e a Adolf Hitler), que ditou numerosas resoluções para controlar a imprensa e destituir todos os que se opunham a suas decisões. Amann criou um verdadeiro império na seara dos periódicos, adquirindo, confiscando e amedrontando. A casa editorial central chegou a deter 82% dos jornais e revistas alemães. Os periódicos deviam abastecer-se do material provisionado pela agência de notícias oficial.

O sistema de rádio era controlado, tanto em termos de conteúdo como economicamente, pelo Estado. À medida que avançou a guerra, Amann era quem racionava o papel para os jornais, de acordo com as conveniências políticas do nazismo. Criaram-se publicações de baixo padrão cultural, caracterizadas por sua rudeza e vulgaridade.

Em 4 de outubro de 1933, ‘sincronizou-se’ em detalhe o funcionamento dos jornais e o trabalho dos jornalistas. A lei de imprensa regulamentou o comportamento desses profissionais e do pessoal de imprensa em geral. Para exercer a profissão, devia-se ter nacionalidade alemã e ser de ‘raça ariana’. Estabeleceram-se os temas sobre os quais não se podia escrever e tornava-se obrigatória a filiação à União Imperial da Imprensa Alemã. Ficava também proibido às empresas de comunicação fixar políticas editoriais ou manifestar posições ideológicas: quem ditava estes conteúdos devia ser o Ministério da Propaganda.

Com relação à Justiça, Hitler desde sempre odiou juízes e juristas, pois o Estado de Direito implicava limitar o princípio da autoridade do führer sobre todas as normas. Já em 1933, dirigiu-se a eles advertindo que ‘o Estado não deve conhecer qualquer diferença entre a lei e a ética’ e que chegaria o dia em que essa identidade tornaria desnecessária a primeira delas. Gradualmente, levou a cabo a virtual anulação do Poder Judiciário a partir daquele ano, outorgando maiores poderes aos ‘tribunais do povo’, herdados da República de Weimar, que funcionavam com total arbitrariedade e que, em poucos anos, destituíram os juizados penais de quase toda sua esfera de atuação. Estes ‘tribunais do povo’ se disseminaram por todas as cidades alemãs e se converteram em outro órgão estatal, por meio do qual o nazismo proclamava suas conquistas e impunha o terror à população.

Tudo isso ocorreu em apenas um ano, 80 anos atrás. Durante os 12 anos seguintes, o nazismo continuou sua marcha atroz, controlando toda Europa Ocidental (salvo a Grã-Bretanha) e realizando a maior violação de direitos humanos já registrada na História. É importante que todas as nações do mundo recordem como surgiu esse regime e as terríveis consequências que a covardia ou a conveniência dos dirigentes e o temor ou o desinteresse da população podem provocar, quando se debilitam os valores coletivos e a vigência plena das instituições democráticas.

Resguardando, como dizíamos, as enormes distâncias, os argentinos – e os brasileiros – deveríamos reparar nos rasgos autoritários que, cada vez com maior frequência, manifesta o poder central, e ter consciência de que é impossível prever como pode terminar um processo que começa cerceando as liberdades e a independência dos três poderes do Estado, ao mesmo tempo em que distorce os valores essenciais da República e promove enfrentamentos dentro da sociedade.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Ita est*

  
A História se escreve a tinta, não a lápis. Ela é, inescapavelmente, sempre indelével.



Embora ainda haja quem insista em passar a borracha nos capítulos que não lhes interessam. Cabe às pessoas de bem impedir que essa agressão se consuma.

(*) Assim é, em latim

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Ainda tem quem se prostitua assim

  
Do ator José de Abreu, em entrevista a O GLOBO, nesta Quarta-feira de Cinzas, sobre qual será a sua bandeira no Congresso.

'Basicamente, a mesma do Lula. Acabar com a miséria, a desigualdade social. Ainda existe, infelizmente, muita miséria no Estado do Rio. Na Baixada Fluminense, ainda existe muita desigualdade social. Muita coisa tem que ser feita. Houve um investimento enorme no Rio, mas o interior não foi privilegiado. Terei também bandeiras mais específicas. A liberação da maconha. Tantos presos lotando os presídios só porque fumaram ou venderam um baseado. Casamento com pessoas do mesmo sexo: sou totalmente a favor. Tem também a liberação do aborto. Vou lutar para que a Lei Maria da Penha seja cada vez mais aplicada. Tem a questão da pedofilia. Essas coisas que nos agridem diariamente quando a gente lê jornal.' [Nota do editor: os erros de concordância do texto original, não tendo sido apontados como sendo do entrevistado, foram corrigidos.]

A notícia, que dá conta também da iminente filiação de Abreu ao Petê, é ilustrada com uma foto em que o artista aparece ao lado da estrela maior do mensalão, o ex-ministro José Dirceu.



Obrigado, José de Abreu. Mas a sociedade não precisa de advogados de ideias como as suas, especialmente com a chancela de bandidos como os que você gosta de ter ao lado. Não há espaço entre as pessoas de bem para a defesa da escravidão (que em síntese é o que se defende, ao se abraçar a causa das drogas livres) e do assassinato (o aborto nada mais é do que isso, pois ceifa a vida), como práticas aceitáveis.

É preciso entender, para começo de conversa, que o dom da gestação foi concedido por Deus com exclusividade à mulher. Algo que restringe, sim, a autonomia que ela possui sobre o próprio corpo - a tal autonomia sendo um 'direito' defendido ardorosamente pelas feministas de plantão - para, em troca e temporariamente, permitir-lhe, e apenas a ela, a beleza de presentear a humanidade com o nascimento de um novo ser humano.

Quanto à liberdade de se comprar e fumar maconha, apenas os menos ou nada esclarecidos - ou os mais intoxicados - acreditam que a Cannabis sativa é uma droga inofensiva e que a liberação contribuirá para a queda da violência, por meio de um suposto enfraquecimento do cartel das drogas. Então, vamos lá: depois de fumar toda a erva do mundo (engraçado, aliás: combate-se o tabaco, mas se quer liberar a maconha...), o sujeito cai nas drogas mais 'pesadas', que é o caminho natural testemunhado por dez entre dez viciados e ex-viciados. Quem vai bancar a desintoxicação desses drogados voluntários em clínicas especializadas? Nós, com o dinheiro dos impostos, arrecadados em cima dos salários ganhos com o nosso suor? E depois: vai ficar só na maconha ou os viciófilos vão inventar o que mais se liberar geral, dentro do conhecido espírito do namorado apaixonado que tenta seduzir a menina prometendo pôr 'só a cabecinha'?

Para encerrar o comentário, como bissexual assumido, nada mais apropriado do que José de Abreu lutar pela causa do 'casamento com pessoas do mesmo sexo', embora seja uma incoerência sintática por si só, já que a noção de casal, que puxa a de casamento, pressupõe a união de dois seres de sexos distintos.

Melhor que o pretenso novato deixe de lado a vontade de ser político e continue com a sua carreira de ator. Pode ser a única coisa boa que lhe reste continuar fazendo na vida. Ainda assim, quanto a isso, há controvérsias.


sábado, 2 de fevereiro de 2013

Novos tempos, velhas práticas, mesmas mazelas


Dois momentos de luto abateram o Brasil esta semana: a tragédia ocorrida na boate de Santa Maria e a eleição para a presidência do Senado. Foi eleito para o comando de um dos Poderes da República um homem de caráter enodoado, em plena vigência da Lei da Ficha Limpa, apesar do clamor popular e de alguns segmentos ainda sérios da própria política brasileira. Que saudade da capital federal onde se podia alcançá-la!

Prevaleceu a 'governabilidade', ou seja, a vontade despótica do Poder Executivo que, mais uma vez, pôs o parlamento de joelhos. Uma condição que faz com que o cidadão se pergunte: para que serve o Congresso Nacional, então? Não seria mais barato fechá-lo e, com a economia feita, destinar os - vultosos - recursos hoje gastos sem critério nem controle para melhorar a estrutura de atendimento à população em geral (Saúde, Educação, Segurança...)? Uma verdadeira democracia não precisa de deputados e senadores subservientes ao palácio do governo, que funcionam como meros referendários de tudo o que dita o autocrata em exercício.

Ficou mais uma vez evidente a tolerância da casa (às vezes me ocorre que a expressão aqui estaria invertida) para com a troca promíscua de favores que, desde a ascensão da esquerda, tem sido o modo padrão de negociar entre esses outrora respeitáveis Poderes constituídos. Nem se pode dizer que perdeu-se o respeito, já que é impossível perder o que não se tem.

Vossa Excelência certamente votou com a sua consciência. Ou, ao menos, espera-se que tenha sido com ela. Seu voto é secreto, como manda o regimento da casa, algo extremamente conveniente a si e que provoca dois fenômenos. Ao mesmo tempo, impede o crédito à dignidade dos que se manifestaram contra; e alcovita aqueles que, como de tantas outras vezes, ousaram pôr mesquinhos interesses particulares acima do interesse maior da nação.

Peço que Vossa Excelência honre sua condição de Senador da República e tenha a dignidade de declarar seu voto particular, em retorno a esta mensagem.

Em tempo: solidarizo-me com o sentimento de tristeza e revolta daqueles que repudiaram a escolha, mas nada puderam fazer ante a vontade da maioria. A eles, desejo absoluto sucesso em sua luta em prol de um país melhor, sob todos os aspectos. Especificamente a eles, também, me desculpo pelo tom áspero que me vejo obrigado a usar, já que pertinente aos 72% do plenário que, em deplorável demonstração de desonra, renderam-se à lascívia do poder.

(transcrição de correio eletrônico enviado individualmente aos endereços dos senadores desta legislatura, à exceção de dois deles, Ruben Figueiró [PSDB-MS] e Sodré Santoro [PTB-RR], cujos dados não constam do portal do Senado Federal)


quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Heil, Rui!

  
Dignas de asco, as declarações do presidente do Petê nesta quarta 30, por ocasião da primeira reunião da bancada do partido do governo em 2013. Usando de subterfúgios como a defesa de um mercado de Comunicação menos concentrado e a valorização da produção independente, Rui Falcão atacou a imprensa, a quem chamou de 'oposição sem cara'. Sem esquecer, é claro, o Ministério Público, por cuja atuação parece nutrir um ódio sem precedentes. E vai adiante: nitidamente distorcendo a verdade, criticou uma pretensa antecipação da campanha eleitoral pela oposição, que visaria a atingir a presidente - esquecendo-se de que, em suas recentes visitas ao Nordeste, foi ela quem se valeu de cerimônias de entrega de obras como palanque eleitoral, antecipando, através dos discursos de governadores e deputados da base aliada, sua candidatura à reeleição em 2016.

Estivesse o Petê na oposição, decerto acusaria a candidata precoce de crime eleitoral.

A gana de Falcão (continuo achando que falta uma cedilha aqui...) é exatamente contra quem saiu em defesa do país, quando eclodiu o escândalo do mensalão. Sem oposição parlamentar estruturada, fato bem lembrado pela vice-presidente da Associação Nacional de Jornais, Judith Brito, criticada por ele, coube à mídia fazer-se a voz da população, clamando por justiça. Ademais, que fique claro que nas verdadeiras democracias, a imprensa exerce - e deve mesmo fazê-lo - a prerrogativa de ter opinião própria, como a têm os cidadãos, individualmente, a favor ou contra o governo, conforme fatos determinados ou por marcada posição ideológica, sem que isso represente manifestações de subserviência ou antagonismo sistemático.

Aliás, jornais à esquerda manifestam abertamente sua opinião editorial e não são criticados por isso. Já os de centro ou de direita são constrangidos a não expressá-la. Curiosa, essa democracia...

Mas fato é que o Brasil transformou-se, lamentável e perigosamente, no país de um partido só. Há dez anos, a fogueira das vaidades (predominante nos partidos maiores) e o descompromisso venal (praticado pelas pequenas legendas) têm aberto campo para a autocracia do Petê. A estrela vermelha fala sempre mais alto e, de um jeito ou de outro, no verbo ou nos cobres, cala a todos, a qualquer custo.

Por pavor de perder o poder, já que outras coisas como a vergonha e os limites se foram há tempos, essa esquerda nociva tenta inverter a lógica e credita a seus opositores a responsabilidade por termos hoje uma política desqualificada. E ainda alertando que eles - os opositores - devam ser combatidos, sob pena de descambarmos para 'o nazismo e o fascismo', extremos que seu partido, o mais corrupto da história do Brasil, finge arvorar-se em combater.

Em suma: existem dois pontos importantes claramente defendidos pelo bando de Lula: o controle da imprensa e o amordaçamento do Ministério Público. Some-se a isso uma intensa campanha desarmamentista, curiosamente defendida por gente que se armou, no passado, contra o próprio Brasil. Veja-se bem: sem imprensa, sem MP e sem armas, e ainda com a miséria controlada doutrinando a consciência e o sufrágio de milhões de brasileiros nos mais variados rincões, somos presas fáceis para o totalitarismo de um reich petista a perder de vista.

Nunca, na história desse país, estivemos tão carentes de heróis, que possam nos devolver, minimamente, um estado de direito. E agora, quem poderá nos defender?

(Por favor, ele não!)