quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Ainda tem quem se prostitua assim

  
Do ator José de Abreu, em entrevista a O GLOBO, nesta Quarta-feira de Cinzas, sobre qual será a sua bandeira no Congresso.

'Basicamente, a mesma do Lula. Acabar com a miséria, a desigualdade social. Ainda existe, infelizmente, muita miséria no Estado do Rio. Na Baixada Fluminense, ainda existe muita desigualdade social. Muita coisa tem que ser feita. Houve um investimento enorme no Rio, mas o interior não foi privilegiado. Terei também bandeiras mais específicas. A liberação da maconha. Tantos presos lotando os presídios só porque fumaram ou venderam um baseado. Casamento com pessoas do mesmo sexo: sou totalmente a favor. Tem também a liberação do aborto. Vou lutar para que a Lei Maria da Penha seja cada vez mais aplicada. Tem a questão da pedofilia. Essas coisas que nos agridem diariamente quando a gente lê jornal.' [Nota do editor: os erros de concordância do texto original, não tendo sido apontados como sendo do entrevistado, foram corrigidos.]

A notícia, que dá conta também da iminente filiação de Abreu ao Petê, é ilustrada com uma foto em que o artista aparece ao lado da estrela maior do mensalão, o ex-ministro José Dirceu.



Obrigado, José de Abreu. Mas a sociedade não precisa de advogados de ideias como as suas, especialmente com a chancela de bandidos como os que você gosta de ter ao lado. Não há espaço entre as pessoas de bem para a defesa da escravidão (que em síntese é o que se defende, ao se abraçar a causa das drogas livres) e do assassinato (o aborto nada mais é do que isso, pois ceifa a vida), como práticas aceitáveis.

É preciso entender, para começo de conversa, que o dom da gestação foi concedido por Deus com exclusividade à mulher. Algo que restringe, sim, a autonomia que ela possui sobre o próprio corpo - a tal autonomia sendo um 'direito' defendido ardorosamente pelas feministas de plantão - para, em troca e temporariamente, permitir-lhe, e apenas a ela, a beleza de presentear a humanidade com o nascimento de um novo ser humano.

Quanto à liberdade de se comprar e fumar maconha, apenas os menos ou nada esclarecidos - ou os mais intoxicados - acreditam que a Cannabis sativa é uma droga inofensiva e que a liberação contribuirá para a queda da violência, por meio de um suposto enfraquecimento do cartel das drogas. Então, vamos lá: depois de fumar toda a erva do mundo (engraçado, aliás: combate-se o tabaco, mas se quer liberar a maconha...), o sujeito cai nas drogas mais 'pesadas', que é o caminho natural testemunhado por dez entre dez viciados e ex-viciados. Quem vai bancar a desintoxicação desses drogados voluntários em clínicas especializadas? Nós, com o dinheiro dos impostos, arrecadados em cima dos salários ganhos com o nosso suor? E depois: vai ficar só na maconha ou os viciófilos vão inventar o que mais se liberar geral, dentro do conhecido espírito do namorado apaixonado que tenta seduzir a menina prometendo pôr 'só a cabecinha'?

Para encerrar o comentário, como bissexual assumido, nada mais apropriado do que José de Abreu lutar pela causa do 'casamento com pessoas do mesmo sexo', embora seja uma incoerência sintática por si só, já que a noção de casal, que puxa a de casamento, pressupõe a união de dois seres de sexos distintos.

Melhor que o pretenso novato deixe de lado a vontade de ser político e continue com a sua carreira de ator. Pode ser a única coisa boa que lhe reste continuar fazendo na vida. Ainda assim, quanto a isso, há controvérsias.


sábado, 2 de fevereiro de 2013

Novos tempos, velhas práticas, mesmas mazelas


Dois momentos de luto abateram o Brasil esta semana: a tragédia ocorrida na boate de Santa Maria e a eleição para a presidência do Senado. Foi eleito para o comando de um dos Poderes da República um homem de caráter enodoado, em plena vigência da Lei da Ficha Limpa, apesar do clamor popular e de alguns segmentos ainda sérios da própria política brasileira. Que saudade da capital federal onde se podia alcançá-la!

Prevaleceu a 'governabilidade', ou seja, a vontade despótica do Poder Executivo que, mais uma vez, pôs o parlamento de joelhos. Uma condição que faz com que o cidadão se pergunte: para que serve o Congresso Nacional, então? Não seria mais barato fechá-lo e, com a economia feita, destinar os - vultosos - recursos hoje gastos sem critério nem controle para melhorar a estrutura de atendimento à população em geral (Saúde, Educação, Segurança...)? Uma verdadeira democracia não precisa de deputados e senadores subservientes ao palácio do governo, que funcionam como meros referendários de tudo o que dita o autocrata em exercício.

Ficou mais uma vez evidente a tolerância da casa (às vezes me ocorre que a expressão aqui estaria invertida) para com a troca promíscua de favores que, desde a ascensão da esquerda, tem sido o modo padrão de negociar entre esses outrora respeitáveis Poderes constituídos. Nem se pode dizer que perdeu-se o respeito, já que é impossível perder o que não se tem.

Vossa Excelência certamente votou com a sua consciência. Ou, ao menos, espera-se que tenha sido com ela. Seu voto é secreto, como manda o regimento da casa, algo extremamente conveniente a si e que provoca dois fenômenos. Ao mesmo tempo, impede o crédito à dignidade dos que se manifestaram contra; e alcovita aqueles que, como de tantas outras vezes, ousaram pôr mesquinhos interesses particulares acima do interesse maior da nação.

Peço que Vossa Excelência honre sua condição de Senador da República e tenha a dignidade de declarar seu voto particular, em retorno a esta mensagem.

Em tempo: solidarizo-me com o sentimento de tristeza e revolta daqueles que repudiaram a escolha, mas nada puderam fazer ante a vontade da maioria. A eles, desejo absoluto sucesso em sua luta em prol de um país melhor, sob todos os aspectos. Especificamente a eles, também, me desculpo pelo tom áspero que me vejo obrigado a usar, já que pertinente aos 72% do plenário que, em deplorável demonstração de desonra, renderam-se à lascívia do poder.

(transcrição de correio eletrônico enviado individualmente aos endereços dos senadores desta legislatura, à exceção de dois deles, Ruben Figueiró [PSDB-MS] e Sodré Santoro [PTB-RR], cujos dados não constam do portal do Senado Federal)