quarta-feira, 5 de setembro de 2012

E nós com isso?

  
O presidente do Petê se diz perseguido pela 'elite conservadora'. Ruy Falcão - não sei se com cê cedilha, na verdade - especula que é dela (subentendendo, provavelmente, a corrente formada por PSDB e DEM, ou ainda os militares) a culpa pela condenação dos mensaleiros, que já começou a se delinear, no julgamento da Ação Penal 470.

Ou seja: eles roubam dinheiro público, seja para fazer caixa dois (como é conveniente admitir agora), ou para cooptar parlamentares da base aliada do governo, e a responsabilidade não lhes cabe.

Aliás, como de hábito, a culpa não é deles...

Maior cara de pau já se viu?

   

domingo, 2 de setembro de 2012

A primeira baixa. O primeiro alento




A falta de tempo para prosseguir comentando o julgamento do mensalão não me impede de postar comentários, quando possível. E falar da condenação, já alinhavada, de João Paulo Cunha, é irresistível. Não pelo prazer de se chutar cachorro morto (que pode existir, também, em menor escala), mas pela boa nova que a decisão do Supremo Tribunal Federal enseja. Ensaia-se um belo resgate da imagem da corte maior do país, que andava meio enxovalhada em tempos recentes, por conta de polêmicas envolvendo - para lembrar algumas - o exercício profissional do Jornalismo e a extradição do terrorista italiano Cesare Battisti.

Houve um tempo em que o Petê terminava seus comerciais de tevê, num desses anos ímpares sem eleições, com o slogan 'o partido mais honesto do Brasil'. Deve ter sido aí pelos anos 1990 e creio que haja quem se lembre dessa pérola. Não gosto desse tipo de autodefinição eivada de uma certeza que não se pode externar. Hoje, é o PPS que se anuncia como 'um partido decente'. Até o dia em que deixe de sê-lo.

Enfim, o Partido dos Trabalhadores se elegeu, todo mundo sabe disso, com críticas severas aos que praticavam a corrupção e se dizendo incorruptível: não corromperia, nem se deixaria corromper. Mas fez os dois, em intensidade jamais vista, e se justificava com o discurso de que ou outros também faziam. Condenava a prática, como oposição, e a adotou como linha de conduta, quando se tornou governo. Mentir, então, passou a ser a forma padrão de se expressar. Afinal, dado o poder aos petistas, estes mostraram a cara que têm de verdade. Ou alguém tem a ousadia, a ingenuidade ou a burrice de supor que aquilo não é uma gangue travestida de partido político?

Dançou o primeiro homem da estrela vermelha. João Paulo Cunha não é mais candidato a prefeito de Osasco (SP) e, proferida a sentença do STF, deixará a Câmara dos Deputados pela porta dos fundos. Uma vergonha para o Brasil. Para o Petê talvez não, já que vergonha não parece ser um conceito conhecido pelo bando.

E que o Supremo prossiga na varrição de toda essa lama que lhe está tão ali ao lado, na Praça dos Três Poderes. Um bom rodo, a propósito, pode ser mais útil do que uma vassoura, para a tarefa.