segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Lojas, sim. Por que não?


A Polícia Civil está certa em transformar o belo prédio da Rua da Relação (esquina de Inválidos) num museu, com auditórios e espaços comerciais. Como pede aquele pedaço do Centro do Rio de Janeiro, que está em franco processo de requalificação, mormente com a entrega do Centro Empresarial Senado, elegante conjunto de edifícios onde se instalará a Petrobrás.

O Palácio da Polícia Central não tem que virar um memorial da repressão, em se regurgitem tempos que a Lei da Anistia cuidou de adormecer no passado. Transformá-lo em símbolo de uma resistência cuja nobreza é notoriamente contestável é o que pretendem a Comissão Nacional da 'Verdade' (sic) e movimentos de defesa de presos políticos das épocas do governo de Getúlio Vargas e dos governos militares pós-1964.

Não se prostitui a verdade, a verdadeira, sem pagar um preço alto por isso. A História se escreve a tinta, não a lápis. Não podemos permitir que as novas gerações sejam doutrinadas a aceitar esses novos falsos heróis da democracia, de passado sombrio e sem lastro de caráter, que tentam a todo custo reescrever sua vida fora da lei na forma de uma romântica odisseia democrática, com o subterfúgio da inversão de valores e da escamoteação de fatos.

Da mesma forma, o Brasil precisa libertar-se desses pregadores do ódio e do rancor, que vivem do - e no - passado, para angariar simpatia ou, quem sabe, alguns trocados. Pessoas que têm como ocupação diária ruminar sentimentos vis contra grupos escolhidos a dedo, numa perseverança que tende apenas a tornar as vidas desses verdadeiros emissários do inferno cada vez mais infelizes - e seus organismos propensos aos piores dos males.


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Carpe diem, mensaleiros!

  
Saíram as penas dos contemplados do mensalão. Os jornais de hoje dão, com pompa e circunstância, os recessos em relação ao convívio com a sociedade a que foram condenados os mensaleiros, mais ou menos como se divulgam os ganhadores do Oscar ou de prêmios tão importantes quanto. Para cada condenado consta a sua devida temporada no spa xadrez, recompensa merecida pela desfaçatez com que trataram o Brasil e os brasileiros.

Façam bom proveito, todos eles. Quem sabe uma longa higiene mental, uma reavaliação de conceitos e valores (essa deve ser mais difícil) ou, talvez, um carteadozinho de vez em quando, para passar o tempo.

E toca o bonde, que o Petê tem mais para mostrar: mal acabou esse escândalo, já tem outro na rua, para ilustrar o jornal nosso de cada dia, nesse final de 2012. O 'Rosegate', assim denominado até que surja inspiração melhor, promete muita emoção e, como de praxe, uma nova enxurrada de lama. Seja para nos divertir, ou para tentar, uma vez mais, mostrar a quem ainda não conseguiu ver - ou teima não enxergar - o que é o bando da estrela vermelha.

O fim do mundo não era só chacota em cima do calendário Maia. Ele chegou mesmo, pelo menos no âmbito do lulopetismo.

   

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Tende piedade de nós

  
Para refletir.

O presidente do Petê, comentando as penas dadas aos mensaleiros condenados pelo STF, inclusive com relação às multas que terão de pagar, afirma que 'nenhum dos companheiros enriqueceu pessoalmente'. É verdade: enriqueceram em grupo. Se em benefício próprio ou em prol do partido, é o que menos importa. Agora, os petistas vão correr o chapéu para catar caraminguás que somem quase R$ 1,5 milhão para pagar o que determina a sentença. Já começaram a chorar miséria. Tão mais rápido consigam juntar a quantia, se poderá aferir quão expressivo foi o saque do bando aos cofres públicos.

E o ministro da Justiça revelou que, a permanecer preso por longo tempo, preferiria morrer. José Eduardo Cardozo comete um ato falho na crítica ao sistema penitenciário, que acusa ser 'medieval'. Isso porque parece ignorar ser o responsável atual pelo gerenciamento do sistema prisional, e que seu partido detém o poder há dez anos sem ter movido uma palha sequer para mudar os fatos, apesar das promessas midiáticas de resgate de um mínimo de dignidade para as nossas cadeias.

Seria a bravata ministerial, proferida num seminário em São Paulo, uma demonstração de solidariedade para com seus companheiros prestes a serem confinados? Compaixão apenas, ou medo de ser atingido, também, de algum modo?

   

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

'Foi mal, chefe!'


Não adiantaram as preces a Deus ou ao outro - não sei bem a quem essa turma devota sua fé. Não adiantou a pressão midiática para desacreditar a suprema corte, cuja maioria de integrantes foi indicada por eles mesmos, do modo mais republicano possível. Não adiantou a pompa das vestes e do latim dos defensores, que tentaram todos os sortilégios do mundo. O Supremo não se dobrou ao maniqueísmo petralha e fez o que tinha que ser feito. Afinal, reza a lei que crimes devem ser punidos; e crimes, muitos por sinal, houve.

Pena o chefe maior não ter sido arrolado. Ao menos, desta vez. Ele, que prometera tirar todo mundo da enrascada, não pôde contar com a ajudinha que esperava, do além. No máximo, duas inócuas manifestações de vassalagem mal disfarçada.

Dirceu, Genoíno e Delúbio são, aos olhos do STF, criminosos. E, como tal, devem ir para a cadeia. Falta apenas definir o tamanho da temporada. Aí, é natural que o marketing vermelho do sentimentalismo sobressaia, com lágrimas emocionadas aqui e ali e discursos eivados de ódio e preconceito contra os julgadores, em comoventes demonstrações de solidariedade, expressas por aqueles mais próximos da súcia. Mas os fatos estão consumados: os delitos foram comprovados e o julgamento deu conta de definir isso, restando agora alinhavar individualmente as penas.

Uma boa precaução é, neste momento, requisitar os passaportes desses cavalheiros, só para descargo de consciência. São todos pessoas de bem, em suas próprias palavras, mas não convém facilitar a tentação de uma viagem fora de hora, homiziadamente sem intenção de retorno. Seria pôr a perder todo o esforço de anos de trabalho e de exemplar demonstração de idoneidade dos nossos magistrados.

Seria indecente - como o foi a matula - com o Brasil.

   

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

E nós com isso?

  
O presidente do Petê se diz perseguido pela 'elite conservadora'. Ruy Falcão - não sei se com cê cedilha, na verdade - especula que é dela (subentendendo, provavelmente, a corrente formada por PSDB e DEM, ou ainda os militares) a culpa pela condenação dos mensaleiros, que já começou a se delinear, no julgamento da Ação Penal 470.

Ou seja: eles roubam dinheiro público, seja para fazer caixa dois (como é conveniente admitir agora), ou para cooptar parlamentares da base aliada do governo, e a responsabilidade não lhes cabe.

Aliás, como de hábito, a culpa não é deles...

Maior cara de pau já se viu?

   

domingo, 2 de setembro de 2012

A primeira baixa. O primeiro alento




A falta de tempo para prosseguir comentando o julgamento do mensalão não me impede de postar comentários, quando possível. E falar da condenação, já alinhavada, de João Paulo Cunha, é irresistível. Não pelo prazer de se chutar cachorro morto (que pode existir, também, em menor escala), mas pela boa nova que a decisão do Supremo Tribunal Federal enseja. Ensaia-se um belo resgate da imagem da corte maior do país, que andava meio enxovalhada em tempos recentes, por conta de polêmicas envolvendo - para lembrar algumas - o exercício profissional do Jornalismo e a extradição do terrorista italiano Cesare Battisti.

Houve um tempo em que o Petê terminava seus comerciais de tevê, num desses anos ímpares sem eleições, com o slogan 'o partido mais honesto do Brasil'. Deve ter sido aí pelos anos 1990 e creio que haja quem se lembre dessa pérola. Não gosto desse tipo de autodefinição eivada de uma certeza que não se pode externar. Hoje, é o PPS que se anuncia como 'um partido decente'. Até o dia em que deixe de sê-lo.

Enfim, o Partido dos Trabalhadores se elegeu, todo mundo sabe disso, com críticas severas aos que praticavam a corrupção e se dizendo incorruptível: não corromperia, nem se deixaria corromper. Mas fez os dois, em intensidade jamais vista, e se justificava com o discurso de que ou outros também faziam. Condenava a prática, como oposição, e a adotou como linha de conduta, quando se tornou governo. Mentir, então, passou a ser a forma padrão de se expressar. Afinal, dado o poder aos petistas, estes mostraram a cara que têm de verdade. Ou alguém tem a ousadia, a ingenuidade ou a burrice de supor que aquilo não é uma gangue travestida de partido político?

Dançou o primeiro homem da estrela vermelha. João Paulo Cunha não é mais candidato a prefeito de Osasco (SP) e, proferida a sentença do STF, deixará a Câmara dos Deputados pela porta dos fundos. Uma vergonha para o Brasil. Para o Petê talvez não, já que vergonha não parece ser um conceito conhecido pelo bando.

E que o Supremo prossiga na varrição de toda essa lama que lhe está tão ali ao lado, na Praça dos Três Poderes. Um bom rodo, a propósito, pode ser mais útil do que uma vassoura, para a tarefa.

   

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Dado não é roubado


3º dia


'Grazie!' (Luiz Fernando Pacheco, advogado de José Genoíno, em encontro com outros defensores de réus do mensalão, no restaurante Piantella, em Brasília, no final da segunda-feira, após ter pedido que o pianista da casa interpretasse o tema principal da trilha sonora do filme 'O Poderoso Chefão')







As acusações do Procurador-Geral da República são fantasiosas, sem fundamento, e as provas da defesa dos réus são a cristalina expressão da verdade. Todos são inocentes, já que nada se pode sustentar contra si. Com esse discurso, começou a fase da defesa dos primeiros acusados de participação no escândalo do mensalão.

Os advogados José Luiz de Oliveira Lima (defensor de José Dirceu), Luiz Fernando Pacheco (de José Genoíno) e Arnaldo Malheiros Filho (de Delúbio Soares), os três primeiros a falar, tentaram desacreditar as alegações de Roberto Gurgel, sempre apoiados em fatos e testemunhos de pessoas ligadas, de algum modo, ao próprio esquema. Como se exigissem do Ministério Público recibos assinados, notas fiscais ou confissões de culpa dos envolvidos, como únicas possíveis comprovações da participação no golpe da compra de votos.

Arnaldo Malheiros chegou à deselegância de sugerir que, a se considerar a aceitação de presentes como atitude irregular da parte de um agente público, os próprios ministros do STF poderiam ser acusados de corrupção, já que frequentemente recebem livros de presente de editoras forenses. Num país sério, uma acusação velada suscetível de voz de prisão.

A fila segue andando. E, apesar do notório cansaço já estampado nos rostos de alguns dos ministros do Supremo, o Brasil também segue. Acreditando que haja justiça.

   

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Cinco horas, muita sujeira e pouco tempo


2º dia

'O mensalão é o mais atrevido e escandaloso esquema de corrupção e de desvio de dinheiro público flagrado no Brasil.' (Roberto Gurgel, Procurador-Geral da República)









O Procurador-Geral da República pediu a condenação de 36 dos 38 réus do mensalão, durante as alegações finais feitas nesta sexta 2, segundo dia do julgamento da Ação Penal 470 pelo STF. Apenas Luís Gushiken (ex-secretário de Comunicação da presidência da República no governo Lula) e Antônio Lamas (ex-assessor da liderança do antigo PL - hoje PR - na Câmara dos Deputados) escaparam, por 'insuficiência de provas'.

Segundo Roberto Gurgel, José Dirceu foi o mentor da ação do grupo e seu principal protagonista e nada acontecia sem o seu consentimento. De acordo com o procurador, 'Dirceu está rigorosamente em todas'. O publicitário Marcos Valério foi tipificado como o cabeça do núcleo operacional.

Gurgel encerrou sua preleção dizendo que 'dormia a nossa Pátria Mãe tão distraída, sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações', numa oportuna menção a um dos versos de 'Vai passar', canção de Chico Buarque de Hollanda.

O ex-ministro José Dirceu, no recesso de casa, preferiu usar o seu blogue para acusar aquela que chamou de 'mídia conservadora', juntamente com a direita, de uma 'tentativa de golpe' em 2005, quando o escândalo veio à tona.

E segue o julgamento, na próxima segunda-feira. Bom final de semana!

   

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Brasília, tremei! Começa a devassa no âmago do governo mais corrupto da história do país



1º dia

'Tenho mais o que fazer.' (Lula, à imprensa, quando questionado se acompanharia o desenrolar do julgamento do mensalão)









Logo na abertura dos trabalhos do primeiro dia do julgamento da Ação Penal 470 (nome técnico do processo do mensalão), seguindo uma tática legítima de defesa que, porém, põe a nu a absoluta ausência de bússola moral do ex-ocupante da pasta da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, advogado do ex-presidente do Banco Rural, José Roberto Salgado, tentou uma manobra para desmembrar o processo e conduzir a grossa maioria dos acusados para julgamento em instâncias inferiores. A proposta decerto arrastaria o julgamento dos envolvidos à beira de eventuais prescrições, conforme a lentidão dos ritos, individualmente. E já tinha sido debatida pelos ministros do STF antes, chegando-se à conclusão de se dever manter o processo em conjunto, dada a interligação das acusações. Percebida a tentativa, por 9 votos a 2 a questão de ordem foi rechaçada, porém deixando, como prejuízo, um dia inteiro de trabalho perdido numa improdutiva masturbação mental - sem direito a clímax - sobre o tema.

Mas ficou o registro: por trás dos argumentos da inconstitucionalidade (de se julgarem, no STF, réus sem direito a foro privilegiado) e da possível negação, a eles, de defesa futura, uma vez que julgados de primeira em instância máxima, passou indisfarçável a (primeira) tentativa de tumultuar o julgamento.

A propósito, a frase de Lula, no começo, exprime o medo indizível, disfarçado de desdém debochado. Mesmo não sendo ele, o inquestionável cabeça do esquema, diretamente alcançado pelo julgamento.

O Petê está com medo. E o Brasil segue confiante que a justiça se faça.

   

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

As vicissitudes de agosto

  
Agosto, mês do meu gosto. Começa amanhã o julgamento que já é chamado 'do século': o da Ação Penal 470, conhecida popularmente como mensalão, resumidamente a prática daninha do Partido dos Trabalhadores, capitaneada pelo então presidente Lula, de compra de votos de partidos políticos para a aprovação de projetos de interesse do Petê. Trinta e oito réus serão julgados pelo maior escândalo de corrupção já denunciado no Brasil, numa maratona que deverá entrar pelo próximo mês.

Apesar de episódios recentes não muito louváveis envolvendo a corte máxima do país, é preciso acreditar que o Supremo Tribunal Federal haverá de fazer justiça aos brasileiros de bem, contribuindo - esperamos, com uma condenação em massa - para estancar o câncer da corrupção que vem corroendo a dignidade que, dia a dia, tentamos manter de pé.

Boa Sorte a todos nós!

   

terça-feira, 1 de maio de 2012

Como um filme velho. Igualzinho

  
Gente sequestrada pela guerrilha, como o Jornalista francês Romeo Langlois, desaparecido há três dias, é tradada pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia como 'prisioneira de guerra'. Quanto cinismo! Então, para os bandidos, trata-se de uma 'guerra', ao menos neste momento? Vamos ver se a interpretação será a mesma, no futuro das gerações vindouras, quando eles contarem que foram vítimas da truculência do 'terrorismo de estado'.

Alguém da moda dos 'direitos humanos', seja do próprio Human Rights Watch ou mesmo da Anistia Internacional, tenha a fineza de se pronunciar. De preferência, a favor do cidadão de bem e profissional no exercício de seu trabalho; não dos guerrilheiros, por obséquio, se não for pedir demais...

O que as FARC fazem aqui no vizinho é exatamente o que os subversivos faziam no Brasil, nos anos 1960 e 1970. Daqui a algum tempo, os vagabundos vão acabar se rendendo e se reintegrando à sociedade; vão pleitear anistia ampla, geral e irrestrita, envergarão a postura de bons moços (e moças boas, quem sabe), se candidatarão ao governo, se elegerão, assumirão o poder legalmente e... Quererão uma 'comissão da verdade', para apurar as 'atrocidades' cometidas pelos 'ditadores' contra si, na época em que eram perseguidos pelas verdadeiras Forças Armadas - as que defendem a Lei e a ordem - somente porque sequestravam e matavam numa 'luta pela democracia'.

Alguém saberia me dizer onde esta fita está em cartaz, nos dias de hoje?

   

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A História se repete

  
Parece que a proximidade da instalação da Comissão 'da Verdade' está propiciando combustível para se escarafunchar feridas que a Lei da Anistia (aquela ampla, geral e irrestrita, como queriam os perseguidos) havia cicatrizado. Todo dia a imprensa lembra o caso de alguém que foi 'barbaramente torturado' nos tempos do governo militar. Naturalmente, todas pessoas de bem, quase santas, cujo delito foi 'lutar pela democracia'. Afinal, qual delas: a de Moscou, a de Pequim ou a de Havana, ainda tão reverenciada pelos nossos 'intelectuais' canhestros?

Aprovada em 1979, a lei propôs-se a fazer justiça e com ela todos concordaram. Hoje, a esquerda, aboletada no poder e trabalhando subterraneamente na cooptação dos jovens, quer outra coisa: vingança. Esse é o nome da 'justiça' unilateral que a comissão pretende, perseguindo tanto militares quanto quem mais ouse se opor à sua sede de sangue.

É então que me vem à ideia a sábia frase de George Santayana: 'os que não recordam o passado estão condenados a repeti-lo'.

(publicado também como comentário da coluna de Ancelmo Gois, em 25abr2012)

   

quinta-feira, 29 de março de 2012

Palestra no Clube Militar relembra as origens e fatos do movimento de 1964. Manifestantes de esquerda cercam prédio para intimidar participantes

  
Como estava a situação político-econômica do Brasil no início dos anos 1960 e por que foi necessário mudar drasticamente os rumos da História, em socorro do país e dos brasileiros. Uma palestra no Clube Militar, no Rio de Janeiro, propôs-se a esclarecer estes fatos, 48 anos após a deflagração do movimento que interveio no governo. Com o título '1964 - A Verdade', o evento aconteceu nesta quinta 29 no Salão Nobre da sede da Avenida Rio Branco, sob a mediação do Advogado Ricardo Salles, fundador e presidente do Movimento Endireita Brasil. Expuseram seus pontos de vista o Jornalista Aristóteles Drummond (articulista dos jornais O Dia, Diário de Petrópolis e Jornal do Brasil, este em edição eletrônica); o Psicanalista Heitor de Paola, escritor e comentarista político, membro do Conselho Consultivo da organização Brasileiros Humanitários em Ação e da ongue Terrorismo Nunca Mais; e o General-de-Brigada Luiz Eduardo Rocha Paiva, Doutor em Aplicações, Planejamento e Estudos Militares na Escola de Comando e Estado–Maior do Exército (ECEME) e instrutor da Academia Militar das Agulhas Negras, da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Cerca de 300 pessoas acompanharam as ponderações dos palestrantes, em pouco mais de uma hora e meia de apresentação.

No final do acontecimento, centenas de manifestantes brandindo bandeiras de partidos de esquerda (PT, PDT, PSTU, PSOL, PCB e PCdoB) sitiaram o prédio do Clube Militar, impedindo a saída dos participantes. Foi necessária a ação da Tropa de Choque da Polícia Militar, formando um corredor de isolamento para garantir a chegada das pessoas em segurança ao acesso à estação Cinelândia do Metrô. Desde antes do início da palestra, diversos deles já se postavam junto à portaria do edifício, vociferando insultos como 'assassino' e 'torturador', à chegada de quem se dirigia ao clube. Segundo a Polícia, 20 manifestantes teriam sido detidos na desordem, em que ocorreram a explosão de bombas de efeito moral e a interdição parcial da Avenida Rio Branco e da Rua Santa Luzia.

O tumulto foi insuflado na internet através - dentre outras - da organização Levante Popular da Juventude, que tem posto em prática protestos e atos de vandalismo pelo país, tendo como notória inspiração o ranço de vingança dirigido a militares acusados de atos de violência durante o regime de exceção.


(Acompanhe, no vídeo acima, a saída dos participantes do evento, sob escolta policial, diante do ataque raivoso dos desocupados que tomaram a Praça Floriano.)

Retrocesso, perigo e progresso

Ressaltando a necessidade de se dar a conhecer ambos os lados da História, com o auxílio de quem vivenciou os acontecimentos, para que se permita analisar os fatos de modo mais amplo e isento, Aristóteles Drummond citou que, até 1960, a economia brasileira era extremamente dependente da exportação de café (40% do volume exportado à época, contra 3% hoje), vivia uma inflação de 108% ao ano e ocupava a 46ª posição no renque mundial. Ele lembrou as medidas disparatadas do presidente Jânio Quadros - que renunciou inesperadamente, com menos de sete meses de governo - e a crise institucional que se agravou na administração de seu sucessor, João Goulart, inclusive com a necessidade de socorro dos Estados Unidos em relação a dinheiro para a compra de petróleo, negociado às pressas por Jango em Washington.

Aristóteles, que definiu os militares como soldados da justiça e da lealdade, mostrou que o movimento cívico-militar liderado pela classe foi decididamente empurrado pela sociedade, contando com o apoio dos três governadores mais importantes do país: Carlos Lacerda (da Guanabara, à época com o Rio de Janeiro ainda muito influente no cenário político nacional, quatro anos após a perda da capital federal); Adhemar de Barros (de São Paulo); e Magalhães Pinto (de Minas Gerais). A base política de então, que apoiava a intervenção militar, contou inclusive com o apoio do ex-presidente Juscelino Kubitschek, do PSD goiano, tido unanimemente, até hoje, como histórico democrata.

A redução da inflação anual, de 108% para 20%; a edição do Decreto-Lei 200, em 1967, reformulando e modernizando a administração pública na esfera federal; o programa de construção de casas populares feito pelo Ministério do Interior através do BNH (Banco Nacional da Habitação, criado para gerenciar os recursos do FGTS e absorvido pela Caixa Econômica Federal em 1986); e os investimentos em saneamento básico da ordem de 0,8% do PIB (hoje restritos a 0,35%, ou seja, menos da metade) foram mencionados como iniciativas de progresso dos governos da época. Também foram listados os feitos do último presidente militar, João Figueiredo (1979-1985), como o Projeto Carajás, as construções das usinas de Itaipu e de Angra dos Reis e o salto na produção de petróleo - que triplicou na sua administração. Um tempo em que, segundo ele, os homens públicos sabiam enfrentar crises sem tergiversar, com respostas rápidas para os problemas que surgissem.

Oposição e responsabilidade

Com algum saudosismo, Drummond fez referência ainda à oposição que se usava fazer no país, a qual considerava digna. Dela, pinçou os nomes de Nélson Carneiro, Amaral Peixoto, Tancredo Neves, Ulysses Guimarães e Franco Montoro, não esquecendo uma menção final ao deputado Miro Teixeira. Citou que, como signatário da Lei de Anistia de 1979, Miro não vê com bons olhos a criação da Comissão da Verdade, reiterando que é preciso olhar para a frente, sem rupturas que possam criar insegurança política.

Ressaltando que a comissão autodenominada 'da Verdade' mostra-se como sendo do ódio e do ressentimento, o Jornalista rememorou os atentados, sequestros, assaltos e as mortes de bancários, vigilantes e civis em geral, além de militares, assassinados em ações engendradas pelos simpatizantes da esquerda, criticando os falsos ideais motivadores desses atos (uma pretensa 'luta pela democracia' que, na verdade, escondia o objetivo de se implantar uma ditadura comunista) e as benesses de que gozam hoje muitos dos agitadores de outrora, por meio de indenizações milionárias concedidas a si num verdadeiro espírito de investimento para o futuro. Lembrou, por fim, que as primeiras vítimas das ações criminosas dos opositores do regime foram o vice-almirante reformado Nélson Gomes Fernandes e o jornalista e secretário do Governo de Pernambuco Édson Régis de Carvalho, mortos no atentado do Aeroporto dos Guararapes, em Recife (PE), em julho de 1966.

Autoritarismo e totalitarismo

No início de sua preleção, o médico Heitor de Paola fez menção às perdas de Chico Anysio e Millôr Fernandes, ocorridas nos dias anteriores, ao considerar que a geração dos dias atuais não tem nomes do mesmo gabarito, no humor, para ocupar destaque semelhante. Na sua opinião, a juventude deste início de século XXI situa-se entre a sisudez e a libertinagem, ao se referir, respectivamente, à forte cooptação de um grande número de jovens para movimentos de protesto rancoroso contra a direita e ao estilo de humorismo desqualificado praticado atualmente na televisão.

Heitor, que atuou em movimentos da esquerda e chegou a ser preso por sua militância na Ação Popular e na UNE, lembrou o período de maior crescimento cultural no Brasil exatamente no intervalo que se gosta de chamar de 'ditadura militar', quando houve os célebres festivais da canção e foram criados o Teatro Opinião e o Teatro Popular. Ele desafia personalidades ainda hoje expoentes da vida cultural e política, que tiveram participação ativa na militância contra os governos militares, como o ex-deputado Fernando Gabeira, a darem suas versões sobre os acontecimentos dos anos pós-1964, confirmando que o real objetivo do movimento era implantar um regime semelhante ao existente em Cuba.

Na sua avaliação, o Brasil daquele tempo caminhava - como marcha novamente hoje - na direção de um estado totalitário, que absolutamente tudo regula, em que a união de pequenas minorias pretende decidir o destino da grande maioria. Assim, vivemos cada vez mais intensamente a ditadura do politicamente correto, sufocados pelo patrulhamento ideológico implacável da esquerda. Esta postura de opressão, até na intimidade do pensamento, é que distingue, segundo de Paola, o autoritarismo - exercido nos governos militares - do totalitarismo, que é a prática típica dos regimes ditos 'socialistas'.

Combate ao caos

O General Rocha Paiva, cuja preleção encerrou o evento, começou explicando por que compreende que foram exatamente os militares, acusados de truculência e terrorismo de estado, que tornaram possível a democracia no Brasil. Ele lembrou a instabilidade política do governo do presidente João Goulart, no qual o chefe do poder tentara declarar estado de sítio no Brasil (em outubro de 1963), além de fomentar a subversão, por intermédio de insubordinações no seio das Forças Armadas - revolta dos sargentos em setembro de 1963; comício de 13 de março de 1964 na Central do Brasil; motim dos marinheiros, 14 dias depois; e jantar do Automóvel Club do Brasil, em 30 de março, véspera da tomada do poder, com ameaça direta do presidente aos oficiais.

Segundo o general, era imprescindível corrigir os rumos do país, mesmo à custa do rompimento da ordem constitucional. Lembrou que Jango já não contava mais com apoio para manter-se no poder e que até a imprensa clamava pela restituição da ordem democrática. (A edição do Globo de 31 de março de 1964, nitidamente contrastando com a publicação online de 29 de março de 2012, que descreveu a palestra como sendo de 'militares comemorando o golpe', publicou, com todas as letras: 'a democracia não deve ser um regime suicida, que dê a seus adversários o direito de trucidá-la, para não incorrer no risco de ferir uma legalidade que seus adversários são os primeiros a desrespeitar'.)

Rocha Paiva afirmou ainda que todos os presidentes militares eram favoráveis à redemocratização, que começou com Ernesto Geisel e consumou-se com João Figueiredo. Disse ainda que a resistência armada, no Brasil, jamais foi reconhecida internacionalmente, à exceção de alguns países que professam a fé socialista totalitária, e que aqui os opositores abandonaram a luta derrotados, reintegrando-se à ordem democrática e à sociedade.

Os palestrantes concordam que é necessário circular com maior intensidade informações que ajudem as novas gerações a ter uma visão mais clara e isenta do movimento de 1964, distante da pregação raivosa que os setores de esquerda insistem em fazer. E que, para isso, os militares, em especial os da reserva, que viveram a época, devem se dispor a ser mais transparentes, aceitando discutir o assunto, sem medo das feridas nem dos traumas. Esta abordagem vem se tornando cada vez mais difícil, por causa da penetração subterrânea de ativistas socialistas na imprensa nos últimos anos. Essa ocupação tem sistematicamente negado espaço a uma versão que precisa ser contada e ao conhecimento de fatos que vêm sendo deturpados ou, simplesmente, negados por seus protagonistas.

Enfim, segundo todos eles, é preciso 'abrir o jogo' com relação aos acontecimentos daquela época, sem constrangimento e, finalmente, rompendo o 'muro de Berlim' imposto pela mídia.

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Assista ao vídeo feito pelo Globo (que tratou o evento como sendo uma 'comemoração' de militares pelo aniversário do movimento de 1964), contando com depoimentos de um 'valente' manifestante e de uma 'estudante de Jornalismo' que alega ter sido ferida pela Polícia, mas cujos 'ferimentos' são apenas tinta vermelha. Em http://oglobo.globo.com/videos/v/jovens-enfrentam-militares-no-rio-de-janeiro/1880891/)

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(Veja abaixo mais filmes e fotos da intimidação feita aos participantes do evento. Para mais registros e outra abordagem do evento, indico ler a postagem '29 de Março de 2012, Cinelândia. A VERDADE', no blogue Papo de Filhinha de Papai [http://papodefilhinha.blogspot.com.br]. E uma última pergunta que não quer calar: é isso que essa gente pratica e defende, a título de 'democracia'?)











   

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Respeito é bom




Mesmo para quem não assiste ao 'Big Brother Brasil', é impossível ficar indiferente aos acontecimentos. Os jornais - e não apenas os sensacionalistas - remexem dia após dia e a revista semanal mais importante do país, a Veja, traz uma capa emblemática sobre o assunto. A foto (de uma mulher de biquíni, de costas, com uma tarja preta cobrindo parcialmente a parte de baixo), tal como lida pelas pessoas que se julgam, além de antenadas, também conscientes, dá o recado, curto e grosso, em sentido amplo, não restrito àquele dito vulgar tão conhecido: ah, 'tem dono', sim.

A disseminação de episódios chulos, nos quais os participantes do programa são instados a beber (e só não o são a se drogar, porque aí seria o fim do mundo...) para liberar a autocensura e dar vazão a todo e qualquer tipo de instinto mais primitivo diante de qualquer um e todo mundo, é duplamente financiada. Pelo público - que paga para subscrever a transmissão pelos canais por assinatura e também para 'votar' (será que é o público quem escolhe mesmo?) nos 'eleitos' - e pelos gordos patrocínios dos anunciantes-masters. Estes, por sua vez, cevam seu caixa com a venda de seus produtos ao mesmíssimo respeitável público, nos supermercados da vida. Ou seja: os senhores telespectadores, direta ou indiretamente, estão bancando o deplorável espetáculo.

A esquerda, dona do poder, agradece. O pão, insiste o noticiário econômico, tem vindo pelo 'aumento real de renda do povo'. O circo, por sua vez, está definitivamente montado - inclusive não falta quem 'arme o pau da barraca' em pleno picadeiro. Que país feliz, este em que vivemos...

E toca o bonde, que em 2012 tem eleição e o mundo se acaba dia 21 de dezembro - segundo os Maias, à exceção do Cesar.

   

sábado, 21 de janeiro de 2012

Possam as margens plácidas do Ipiranga, enfim, ouvir

  
O Brasil por trás da cortina, que trilha seu futuro por entre os meandros e dejetos da política da Lei de Gérson, ganhou um retrato fiel para quem quiser conhecê-lo mais a fundo. A minissérie 'O Brado Retumbante', com exibição programada para entre os dias 17 e 27 de janeiro pela Rede Globo, apresenta o submundo do poder com requinte de detalhes, produção primorosa e, por que não, situações fictícias de contundente apelo realístico.

O autor Euclydes Marinho apresenta, para começar, o senador Nicodemo, interpretado por Luís Carlos Miele: um homem com 50 anos de vida pública e influência incontestável nas duas casas parlamentares federais. Com o percalço da assunção do presidente da Câmara, Paulo Ventura - interpretado pelo ator Domingos Montagner - à presidência da República (a capital política, na trama, volta ao Rio de Janeiro, onde fica o 'Palácio Presidencial'), a saga de Nicodemo passa a ser infernizar a vida do novo chefe do Executivo, que defende preceitos que parecem antiquados, como ética, decência e moralidade. Sem trejeitos nem qualquer traço caricato, o personagem diz a que veio e mostra, incontestavelmente, quem de fato retrata, da vida real.

O jogo de interesses, praticado da forma mais despudorada possível, aliado à manipulação da verdade e à submissão do povo à vontade dos poderosos, põe a nu 512 anos de nossa história, em que estes vêm cada vez mais se assenhoriando das riquezas e das vidas de todos nós. Um abuso que tomou proporções ainda maiores, depois que catapultaram a capital do país para o meio do mato, mais de seis décadas atrás.

Falta metade dos capítulos ir ao ar. Mas já se é possível dizer tratar-se de um dos melhores retratos tirados da política brasileira.