segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Dado não é roubado


3º dia


'Grazie!' (Luiz Fernando Pacheco, advogado de José Genoíno, em encontro com outros defensores de réus do mensalão, no restaurante Piantella, em Brasília, no final da segunda-feira, após ter pedido que o pianista da casa interpretasse o tema principal da trilha sonora do filme 'O Poderoso Chefão')







As acusações do Procurador-Geral da República são fantasiosas, sem fundamento, e as provas da defesa dos réus são a cristalina expressão da verdade. Todos são inocentes, já que nada se pode sustentar contra si. Com esse discurso, começou a fase da defesa dos primeiros acusados de participação no escândalo do mensalão.

Os advogados José Luiz de Oliveira Lima (defensor de José Dirceu), Luiz Fernando Pacheco (de José Genoíno) e Arnaldo Malheiros Filho (de Delúbio Soares), os três primeiros a falar, tentaram desacreditar as alegações de Roberto Gurgel, sempre apoiados em fatos e testemunhos de pessoas ligadas, de algum modo, ao próprio esquema. Como se exigissem do Ministério Público recibos assinados, notas fiscais ou confissões de culpa dos envolvidos, como únicas possíveis comprovações da participação no golpe da compra de votos.

Arnaldo Malheiros chegou à deselegância de sugerir que, a se considerar a aceitação de presentes como atitude irregular da parte de um agente público, os próprios ministros do STF poderiam ser acusados de corrupção, já que frequentemente recebem livros de presente de editoras forenses. Num país sério, uma acusação velada suscetível de voz de prisão.

A fila segue andando. E, apesar do notório cansaço já estampado nos rostos de alguns dos ministros do Supremo, o Brasil também segue. Acreditando que haja justiça.

   

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Cinco horas, muita sujeira e pouco tempo


2º dia

'O mensalão é o mais atrevido e escandaloso esquema de corrupção e de desvio de dinheiro público flagrado no Brasil.' (Roberto Gurgel, Procurador-Geral da República)









O Procurador-Geral da República pediu a condenação de 36 dos 38 réus do mensalão, durante as alegações finais feitas nesta sexta 2, segundo dia do julgamento da Ação Penal 470 pelo STF. Apenas Luís Gushiken (ex-secretário de Comunicação da presidência da República no governo Lula) e Antônio Lamas (ex-assessor da liderança do antigo PL - hoje PR - na Câmara dos Deputados) escaparam, por 'insuficiência de provas'.

Segundo Roberto Gurgel, José Dirceu foi o mentor da ação do grupo e seu principal protagonista e nada acontecia sem o seu consentimento. De acordo com o procurador, 'Dirceu está rigorosamente em todas'. O publicitário Marcos Valério foi tipificado como o cabeça do núcleo operacional.

Gurgel encerrou sua preleção dizendo que 'dormia a nossa Pátria Mãe tão distraída, sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações', numa oportuna menção a um dos versos de 'Vai passar', canção de Chico Buarque de Hollanda.

O ex-ministro José Dirceu, no recesso de casa, preferiu usar o seu blogue para acusar aquela que chamou de 'mídia conservadora', juntamente com a direita, de uma 'tentativa de golpe' em 2005, quando o escândalo veio à tona.

E segue o julgamento, na próxima segunda-feira. Bom final de semana!

   

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Brasília, tremei! Começa a devassa no âmago do governo mais corrupto da história do país



1º dia

'Tenho mais o que fazer.' (Lula, à imprensa, quando questionado se acompanharia o desenrolar do julgamento do mensalão)









Logo na abertura dos trabalhos do primeiro dia do julgamento da Ação Penal 470 (nome técnico do processo do mensalão), seguindo uma tática legítima de defesa que, porém, põe a nu a absoluta ausência de bússola moral do ex-ocupante da pasta da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, advogado do ex-presidente do Banco Rural, José Roberto Salgado, tentou uma manobra para desmembrar o processo e conduzir a grossa maioria dos acusados para julgamento em instâncias inferiores. A proposta decerto arrastaria o julgamento dos envolvidos à beira de eventuais prescrições, conforme a lentidão dos ritos, individualmente. E já tinha sido debatida pelos ministros do STF antes, chegando-se à conclusão de se dever manter o processo em conjunto, dada a interligação das acusações. Percebida a tentativa, por 9 votos a 2 a questão de ordem foi rechaçada, porém deixando, como prejuízo, um dia inteiro de trabalho perdido numa improdutiva masturbação mental - sem direito a clímax - sobre o tema.

Mas ficou o registro: por trás dos argumentos da inconstitucionalidade (de se julgarem, no STF, réus sem direito a foro privilegiado) e da possível negação, a eles, de defesa futura, uma vez que julgados de primeira em instância máxima, passou indisfarçável a (primeira) tentativa de tumultuar o julgamento.

A propósito, a frase de Lula, no começo, exprime o medo indizível, disfarçado de desdém debochado. Mesmo não sendo ele, o inquestionável cabeça do esquema, diretamente alcançado pelo julgamento.

O Petê está com medo. E o Brasil segue confiante que a justiça se faça.

   

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

As vicissitudes de agosto

  
Agosto, mês do meu gosto. Começa amanhã o julgamento que já é chamado 'do século': o da Ação Penal 470, conhecida popularmente como mensalão, resumidamente a prática daninha do Partido dos Trabalhadores, capitaneada pelo então presidente Lula, de compra de votos de partidos políticos para a aprovação de projetos de interesse do Petê. Trinta e oito réus serão julgados pelo maior escândalo de corrupção já denunciado no Brasil, numa maratona que deverá entrar pelo próximo mês.

Apesar de episódios recentes não muito louváveis envolvendo a corte máxima do país, é preciso acreditar que o Supremo Tribunal Federal haverá de fazer justiça aos brasileiros de bem, contribuindo - esperamos, com uma condenação em massa - para estancar o câncer da corrupção que vem corroendo a dignidade que, dia a dia, tentamos manter de pé.

Boa Sorte a todos nós!