terça-feira, 7 de setembro de 2021

Ressaca cívica: a Nova Independência, o renascimento do Brasil e a resistência do establishment

Sete de setembro de dois mil e vinte e um. Uma data a se escrever por extenso, mostrando toda a imponência dessa especial comemoração do Dia da Pátria, repleta de sentimento de apreço pelo país. A um ano do Bicentenário da Independência, estamos celebrando uma nova liberdade. Que ainda não foi totalmente consumada, mas que vem ganhando forma e grandeza, pelas mãos de milhões de brasileiros, desejosos de um país melhor, mais digno, mais justo.

Todos cumprimos os nossos papéis, nesse dia histórico de multidões que quase não cabiam no espaço das ruas e se irmanava, do modo mais pacífico do mundo, pela causa do Brasil. Sim, porque a causa foi a pátria, não uma figura específica, ainda que relevante no contexto. Era o Dia da Pátria, cabe frisar, e fomos reverenciá-la naquilo de mais caro que ela nos tem a oferecer: a vontade e a liberdade para fazê-la grande. E, sobretudo, nossa: dos brasileiros, todos eles, estejam conosco nessa luta ou abdicando dessa prerrogativa, por medo ou alienação ideológica.

Para enfrentar os desafios e, principalmente, os enormes obstáculos que os usurpadores do poder vêm interpondo ao progresso e ao bem-estar de todos, nossos peitos e nossos braços têm sido muralhas do Brasil, parafraseando Evaristo da Veiga, numa das estrofes do Hino da Independência. E essa muralha se compôs de gente, na Avenida Atlântica, no Rio de Janeiro; na Esplanada dos Ministérios, em Brasília; e na Avenida Paulista, em São Paulo, para citar as três maiores manifestações populares, democráticas, que aconteceram no país.

Trabalhadores, donas de casa, estudantes, gente jovem, gente menos jovem, crianças, estavam todos na Praia de Copacabana, ressalvada aqui para registrar o meu ponto de vista particular, vivido ali, ao vivo, em cores, as quatro cores da nossa bandeira. Melhor astral, impossível, para um feriado de sol que prometia. E cumpriu a promessa.

Mas não foi assim que a grande imprensa noticiou os fatos. Comprometida com o establishment que vem sendo deposto paulatinamente do poder, a mídia suja dos conglomerados tradicionais, padecendo de forte síndrome de abstinência de verbas públicas, tentou outra história, da carochinha, nada convincente. Diferente da História, com H maiúsculo, que fica nos livros e registros oficiais, mesmo a contragosto de editores-redatores-chefes de pasquins arrogantes, e de arremedos de professores maltrapilhos, com a barba fedendo a maconha.

A escalada (introdução com menção às principais reportagens) do Jornal Nacional de hoje foi um primor de dissociação da realidade. Nosso clamor por um país justo foi rotulado como um protesto antidemocrático, eivado de ódio, com ataques indiscriminados às instituições que sustentam a democracia e com o requinte da postura tirânica do Presidente da República! Foi assim mesmo que William Bonner e Ana Luíza Guimarães tiveram a pachorra de descrever o movimento, não esquecendo, é claro, o tom ameno e enaltecedor para o protesto (este, verdadeiramente um) da horda esquerdista, no Vale do Anhangabaú.

Na GloboNews, o canal pago de notícias do grupo, conseguiu-se a proeza de embaralhar o raciocínio, com uma imagem de um cartaz de fundo vermelho com os dizeres 'em defesa da revolução e ditadura proletárias', e uma legenda que indicava a Avenida Paulista (na verdade, eram os comunistas no Vale do Anhangabaú) e o texto 'protesto em São Paulo em defesa da democracia'. Ou seja: para os michês que militam na redação dos Marinho, a ditadura do proletariado é democrática! Ou, sem querer, podem até ter acertado, associando, na leitura estrita da legenda, a manifestação da Paulista, esta sim, à democracia, o que confere. Enfim, duplipensar é o jogo.

Só que o melhor da festa foi o discurso épico do Presidente Jair Bolsonaro, com quase 20 minutos de duração, feito num carro de som em São Paulo. O chefe do Executivo reiterou sua fidelidade aos desejos da população, sendo duro ao extremo com o Supremo Tribunal Federal e, mais especificamente, com o iluministro Alexandre de Moraes, a quem acusou de açoitar a democracia. Bolsonaro deixou claro que O Glande tem usurpado suas atribuições, extrapolando os limites legais e constitucionais de suas atitudes. Como aviso ao presidente da corte, repetindo o que já havia dito aos manifestantes em Brasília, mais cedo, apontou a Luiz Fux a necessidade de se afastar Moraes, responsável por prisões arbitrárias (que transformam os detidos por 'crime de opinião' em autênticos presos políticos) e outras condutas tão abusivas quanto reprováveis, no exercício de sua função.

Bolsonaro foi firme em dizer que não será afastado por impeachment nem preso, aludindo ao fato de que não acatará ordens de Alexandre de Moraes que flagrantemente firam a legalidade e a constitucionalidade.

Nesta quarta-feira 8, o Presidente convocará o Conselho da República, para discutir o conturbado momento político. Luiz Fux adiantou-se em dizer que não irá à reunião, embora sua presença nem esteja prevista na constituição do Conselho. Rodrigo Pacheco, presidente do Senado e do Congresso, afirmou que também não participará do encontro. O Senado Federal é o órgão dos Três Poderes que tem a prerrogativa de abrir processos de impeachment contra ministros do STF, iniciativa que Pacheco já revelou não ter, apesar de toda a grita contra Alexandre de Moraes - o que inclui um abaixo-assinado popular com mais de três milhões de assinaturas, que repousa em sua gaveta.

O Conselho da República é um órgão superior de consulta do Presidente que tem por atribuição pronunciar-se sobre intervenção federal, estado de defesa, estado de sítio e questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.

No final da noite desta terça, em reunião dos ministros do Supremo sobre as falas de Jair Bolsonaro, todos opinaram que o presidente da República teria produzido mais provas contra si mesmo nos inquéritos já em curso no STF e no TSE. Assim, Alexandre de Moraes pedirá a inclusão dos novos discursos do Presidente no inquérito (ilegal e inconstitucional) das fake news, pela menção a desconfianças ao sistema eletrônico de votação. Os caras não entenderam o espírito da coisa, no supremo puteiro da Praça dos Três Poderes. O caldo está fervendo e prestes a entornar.

Que não se perca, contudo, a percepção da beleza deste momento único e marcante, do qual guardarei, além de uma grata lembrança, a esperança de ver o meu Brasil na direção certa.

...

Veja registros do Sete de Setembro também em https://gettr.com/user/mfecardoso

2 comentários: