sábado, 21 de janeiro de 2012

Possam as margens plácidas do Ipiranga, enfim, ouvir

  
O Brasil por trás da cortina, que trilha seu futuro por entre os meandros e dejetos da política da Lei de Gérson, ganhou um retrato fiel para quem quiser conhecê-lo mais a fundo. A minissérie 'O Brado Retumbante', com exibição programada para entre os dias 17 e 27 de janeiro pela Rede Globo, apresenta o submundo do poder com requinte de detalhes, produção primorosa e, por que não, situações fictícias de contundente apelo realístico.

O autor Euclydes Marinho apresenta, para começar, o senador Nicodemo, interpretado por Luís Carlos Miele: um homem com 50 anos de vida pública e influência incontestável nas duas casas parlamentares federais. Com o percalço da assunção do presidente da Câmara, Paulo Ventura - interpretado pelo ator Domingos Montagner - à presidência da República (a capital política, na trama, volta ao Rio de Janeiro, onde fica o 'Palácio Presidencial'), a saga de Nicodemo passa a ser infernizar a vida do novo chefe do Executivo, que defende preceitos que parecem antiquados, como ética, decência e moralidade. Sem trejeitos nem qualquer traço caricato, o personagem diz a que veio e mostra, incontestavelmente, quem de fato retrata, da vida real.

O jogo de interesses, praticado da forma mais despudorada possível, aliado à manipulação da verdade e à submissão do povo à vontade dos poderosos, põe a nu 512 anos de nossa história, em que estes vêm cada vez mais se assenhoriando das riquezas e das vidas de todos nós. Um abuso que tomou proporções ainda maiores, depois que catapultaram a capital do país para o meio do mato, mais de seis décadas atrás.

Falta metade dos capítulos ir ao ar. Mas já se é possível dizer tratar-se de um dos melhores retratos tirados da política brasileira.

   

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